Nós, professores da rede pública do estado de São Paulo, em reunião extraordinária de Representantes de Escola, informados de que o Ministério Público denunciou 72 estudantes pela ocupação da Reitoria da USP, ocorrida no final de 2011, manifestamos o nosso descontentamento com essa ação da Justiça.
Os estudantes são acusados de dano ao patrimônio público, dano ambiental, descumprimento de ordem judicial e formação de quadrilha, correndo o risco de serem presos por até 8 anos, mesmo depois do fim dos processos administrativos internos movidos pela universidade, em que foram definidas penas brandas.
Milhares de estudantes se colocaram contra o convênio assinado entre a Reitoria da Universidade de São Paulo e a Policia Militar, imposto de maneira antidemocrática à comunidade universitária. Em virtude disso, estudantes e funcionários ocuparam a reitoria da Universidade como forma de protesto. Tal resultou em uma violenta desocupação, que mobilizou cerca de 400 policiais - entre eles a Tropa de Choque e a cavalaria da PM, na autuação e prisão de todos e casos de agressão e abuso de poder por parte da polícia.
Vale lembrar ainda que as atuais denúncias de depredação do patrimônio público, impetradas aos ocupantes, são de caráter extremamente duvidoso: a vistoria do local após a desocupação fora feita a portas fechadas pela polícia, e quando de sua abertura para a imprensa o local se encontrava destruído, em estado forjado do que haviam deixado os estudantes no momento de saída.
A partir disso, um resgate histórico é necessário: a última vez que a PM havia invadido a USP tão massivamente fora na desocupação do CRUSP na década de 60, período em que vigorou a ditadura militar no Brasil.
Hoje, o sucateamento das instituições públicas, em quase 20 anos de governo do PSDB, de Alckmin, é camuflado com medidas tais repressivas.
Semelhanças não são meras coincidências e nos levam a questionar profundamente o caráter da democracia em que vivemos, em que a manifestação e a organização política são tolhidas e taxadas como formação de quadrilha.
Com medidas repressivas, a reitoria da USP somente faz reproduzir a política orquestrada pelo Governo do Estado de São Paulo de criminalização dos movimentos sociais e estudantis.
A partir disso, nos colocamos ao lado dos estudantes e funcionários processados e do histórico combativo do movimento estudantil da USP. Também manifestamos repúdio a qualquer repressão à organização política, na defesa do direito democrático de livre manifestação.
Contra o processo do Ministério Público!
Contra a reitoria autoritária de Rodas e do Governo do Estado!
Pela imediata democratização da USP e retirada dos processos!
Lutar não é crime!Contra a criminalização dos movimentos sociais!
Santo André, 16 de fevereiro de 2013 - APEOESP SUBSEDE SANTO ANDRÉ
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