segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

530 dias sob intervenção policial


Estamos sitiados desde a assinatura do convênio USP-PM em 8/9/2012, mas isto não é só.
Bem-vindo, calouro. Como você provavelmente já deve saber, 72 estudantes estão sendo processados pelo Ministério Público por terem ocupado a reitoria em novembro de 2011.
O processo cível que está em marcha é a continuação do ataque desferido pelo próprio reitor-interventor, João Grandino Rodas, no ano passado. Mais de 50 estudantes foram submetidos a um longo processo administrativo e alguns foram suspensos.
Vamos apresentar aqui uma breve cronologia dos acontecimentos:
(na foto, estudantes no dia 09 de junho de 2009 correm do ataque da polícia que reprime, com bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha, uma manifestação pacífica política no campus. A repressão não esperada porque, na época,  a polícia não tinha autoridade para entrar no campus. No entanto, naquele dia, o futuro reitor João Grandino Rodas, então membro do Conselho Universitário,  garantiu a autorização).

13 de novembro de 2009 – João Grandino Rodas, então diretor da Faculdade de Direito, é nomeado reitor pelo governador José Serra, apesar de ter ficado em segundo lugar na votação interna da universidade
18 de janeiro 2010 – Uma manifestação pedindo a saída de Rodas, que estava sendo empossado pelo governador em solenidade na Sala São Paulo, foi reprimida pela polícia e três estudantes foram detidos, dois deles militantes da Juventude do PCO
Novembro de 2010 – Reitoria abre processo contra 24 estudantes em razão da ocupação da reitoria realizada em 2007 e da ocupação da moradia em 2010. Os estudantes estavam ameaçados de “eliminação”, com base em um código aprovado durante a ditadura militar
20 de maio de 2011 – Reitoria usa o assassinato de um estudante no estacionamento da FEA como pretexto para aprovar convênio entre a USP e a Polícia Militar no Conselho Gestor do campus
8 de setembro de 2011 – Convênio entre USP e Polícia Militar é assinado. A partir daí várias arbitrariedades policiais são relatadas por estudantes, funcionários e inclusive professores
1º de novembro de 2011 – Ocupação da reitoria pela saída da PM do campus e o fim dos processos administrativos e criminais contra estudantes e funcionários e pelo “Fora Rodas”
8 de novembro de 2011 – Depois de várias negociações frustradas, reitoria manda cumprir reintegração de posse do prédio, para onde são enviados mais de 400 policiais da Tropa de Choque, cavalaria e batalhões especiais. 72 estudantes são presos e acusados de depredação do patrimônio público, entre outros. (ao lado, foto do dia 08 da Folha de S. Paulo mostra a reação de estudantes que se aglomeraram para mostrar repúdio à ação violenta da polícia e a prisão dos colegas)
17 de dezembro de 2011 – Rodas decide expulsar arbitrariamente oito estudantes moradores do CRUSP com base no decreto 52.906, de 1972, presente no regimento da universidade
6 de janeiro de 2012 – Com aval do reitor, Polícia invadiu o espaço de convivência dos estudantes no CRUSP, cercando-o com tapumes e fechando o acesso aos estudantes
Fevereiro de 2012 – Rodas privatizou os ônibus circulares do campus, que passaram a ser controlados pela SPTrans que lucra a cada volta da catraca
Março de 2012 – Rodas tentou impedir a realização da festa da calourada organizada bloqueando a entrada de bebidas e do trio elétrico que conduziria o show
30 de outubro de 2012 – Câmeras escondidas, instaladas pela Coseas e pela reitoria com o objetivo de espionar a atividade dos estudantes, foram encontradas no saguão do Bandejão Central
1º de novembro de 2012 – novamente a PM tenta deter estudantes que levavam cerveja para uma festa
Novembro/dezembro de 2012 – Rodas suspendeu a circulação de diversas linhas de ônibus que circulavam pelo campus
22 de dezembro de 2012 – Rodas destrói o Canil, espaço ocupado pelos estudantes na ECA.

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